sexta-feira, 28 de outubro de 2011

[da saudade]

Meu irmão foi meu primeiro professor de literatura. Era difícil aceitar seu amor pelo mineral e a sua vontade de dormir ao chão. Tirava o sorriso de dentro da pedra. Era possível contar nos dedos os momentos que dela saía para estar comigo. Mas vinha.

Com ele conheci minha primeira estante. Em meio aos caóticos livros habitados num pequeno quarto, havia os escolhidos por ele, sublinhados com a lapiseira fina de seu silêncio. Era seu modo branco de saudar a vida. Para quem quisesse escutar.

Íamos felizes à padaria. Eu, descalça, em estado bruto. Ele, esculpido em corpo. Tínhamos as mãos atadas. E foi aí que entrei na escrita. Para ter com ele a mão na pedra, a buscar o fermento para umedecer, partir e ferir a pedra. E dela sair o pão.

Um comentário:

luis disse...

completamente