o tempo não muda
o tempo não cura
curva
curva
e às vezes
pára
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Aula poema em Belo Horizonte
o bordado, o tecido...
é de texto que se trata
é de texto que se trata
bordar a intensidade do afeto
a última nitidez antes da palavra
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
sábado, 23 de novembro de 2013
língua infância (ontem no metrô)
- No céu tem carrocinha, mãe?
- O que você tá dizendo, menina?
- Carrocinha de levar cachorrinho, mãe, tem né?
- Não sei não.
- O Jesus não tem uma carrocinha no céu pra levar os cachorros embora?
- Não, menina, Jesus não faz nada disso, deixa ele quieto.
- Ah, então não foi o Jesus que pôs minha cachorrinha na carrocinha?
- Eu já te disse, menina, sua cachorrinha morreu.
- E o que é morrer, mãe?
- Morrer é ser atropelado. Sua cachorrinha foi atropelada.
- Por um carro preto?Você tirou foto mãe? Por que você não tirou foto da minha cachorrinha atropelada? Você tira foto de tudo, mãe...
- Que bobagem menina, não sei a cor do carro.
- Então era amarelo! Era amarelo, né, mãe?
- Para de ser boba! Já disse que não lembro direito o que aconteceu.
- Mas eu sei o que aconteceu, mãe. Foi o dono da creche, né? Foi o dono da creche que atropegou minha cachorrinha.
- O que você tá dizendo, menina?
- Carrocinha de levar cachorrinho, mãe, tem né?
- Não sei não.
- O Jesus não tem uma carrocinha no céu pra levar os cachorros embora?
- Não, menina, Jesus não faz nada disso, deixa ele quieto.
- Ah, então não foi o Jesus que pôs minha cachorrinha na carrocinha?
- Eu já te disse, menina, sua cachorrinha morreu.
- E o que é morrer, mãe?
- Morrer é ser atropelado. Sua cachorrinha foi atropelada.
- Por um carro preto?Você tirou foto mãe? Por que você não tirou foto da minha cachorrinha atropelada? Você tira foto de tudo, mãe...
- Que bobagem menina, não sei a cor do carro.
- Então era amarelo! Era amarelo, né, mãe?
- Para de ser boba! Já disse que não lembro direito o que aconteceu.
- Mas eu sei o que aconteceu, mãe. Foi o dono da creche, né? Foi o dono da creche que atropegou minha cachorrinha.
sábado, 26 de outubro de 2013
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
terça-feira, 15 de outubro de 2013
bem-aventurados os alucinados, porque deles será o real
bem-aventurados os desiludidos, porque neles o pensamento se fará humano
bem-aventurados os corpos que morrem, porque deles será a sensualidade do invisível
bem-aventurados os desesperados, porque deles será a restante esperança
bem-aventurado sejas tu, ó texto, porque nos abres a geografia dos mundos
bem-aventurada sejas tu, ó Terra, porque tua será a explosão que levará o vivo a todo o Universo (LLANSOL, ATJ, 146-7).
bem-aventurados os desiludidos, porque neles o pensamento se fará humano
bem-aventurados os corpos que morrem, porque deles será a sensualidade do invisível
bem-aventurados os desesperados, porque deles será a restante esperança
bem-aventurado sejas tu, ó texto, porque nos abres a geografia dos mundos
bem-aventurada sejas tu, ó Terra, porque tua será a explosão que levará o vivo a todo o Universo (LLANSOL, ATJ, 146-7).
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
A NOITE
A noite, o que significa verde, tons azulados e este pouco
vermelho muito escuro que, irregular, corrói por baixo a página.
Escrevo, apressadamente, a palavra charco, a palavra estrela.
Escrevo nascimento.Escrevo pastores e reis. Escrevo que quebro
Escrevo nascimento.Escrevo pastores e reis. Escrevo que quebro
uma lâmpada e que agora está escuro.
Yves Bonnefoy
terça-feira, 30 de julho de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
quarta-feira, 24 de julho de 2013
terça-feira, 16 de julho de 2013
domingo, 14 de julho de 2013
sexta-feira, 5 de julho de 2013
-
hoje a lagarta consome as folhas do maracujá
virão as borboletas
virão as flores
é tempo da primavera no inverno
onde belo com belo
dissipam-se
virão as borboletas
virão as flores
é tempo da primavera no inverno
onde belo com belo
dissipam-se
segunda-feira, 1 de julho de 2013
-
dois dias de chuva
e minha pele em pleno sol
não sei porque este corpo não se molha
se é amor ao descompasso
ou temor da comunhão
e minha pele em pleno sol
não sei porque este corpo não se molha
se é amor ao descompasso
ou temor da comunhão
sexta-feira, 10 de maio de 2013
quinta-feira, 9 de maio de 2013
quarta-feira, 8 de maio de 2013
terça-feira, 30 de abril de 2013
quarta-feira, 24 de abril de 2013
escrita misturada de água e rastelo de jardim. Meço a temperatura do sol na folha, se a sombra de um pássaro ou de uma mosca alteram as coisas do alto. Olhar para a árvore é sozinho que se vai.
Uma leitura que te deriva do vazio. Para manter os pés quentes. Eis a exigência da fronte.
Pés frios emudecem
Uma leitura que te deriva do vazio. Para manter os pés quentes. Eis a exigência da fronte.
Pés frios emudecem
terça-feira, 16 de abril de 2013
hoje quando acordei duas palavras espirraram da minha boca - verde raiz-
lembrei de ter escutado de alguém que tudo o que falamos se propaga em ondas sonoras até o infinito, pois não há barreiras para bloqueá-las. Fico pensando que -a copa da árvore- dita pela primeira vez por Llansol deveria estar passando por aqui e convocado o -verde raiz- a sair do silêncio para se enroscarem e se perderem uma vez mais.
lembrei de ter escutado de alguém que tudo o que falamos se propaga em ondas sonoras até o infinito, pois não há barreiras para bloqueá-las. Fico pensando que -a copa da árvore- dita pela primeira vez por Llansol deveria estar passando por aqui e convocado o -verde raiz- a sair do silêncio para se enroscarem e se perderem uma vez mais.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Da primeira vez que eu plantei tomate,
ia no canteiro e me
espantava com a folha, recortada, tinha cheiro do fruto,
Da segunda vez, cresceram pequenos. Deixei-os na pia
para olhar e contar meu feito,
Da terceira eram maiores, e, de tanto, pegou praga, os bichos consumiam as folhas. Comi. Mas tive medo. Tão quente, tão doce.
Nunca mais tive coragem de plantá-los. Era gente.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
terça-feira, 2 de abril de 2013
quarta-feira, 20 de março de 2013
estou cada vez mais próxima desse ato de amor da luz no vaso de flores, ou a colcha de retalhos em tom ameno, breve e recluso de lucidez. percebo que há furos nos espaços da lembrança, nos seus significados de companhia. no entanto, eles me pertencem. agora sou mais branco que linha.
vejo os ossos da terra erguerem um abraço
e tranquilizo-me.
vejo os ossos da terra erguerem um abraço
e tranquilizo-me.
domingo, 17 de março de 2013
sexta-feira, 8 de março de 2013
"Assombroso não é as asas que nos podemos formar, mas que elas comecem a se formar nos outros, e que as vejamos implicadas em voltas e camadas sempre mais profundas, como as de uma larva enrolada e aderida firmemente ao tronco de uma árvore, e que enfim o peso da própria Terra pareça curvá-las e conter seu prometido vôo, de modo que elas talvez só se abram para dentro, em chamas."
Paulo Neves
Paulo Neves
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Aquela hora foi a mesma, afastada das grandes coisas, despreocupada com o remendo do mundo e tomando gosto pela parte furada, o chão trazido às espécies para não funcionar, passando o dedo na palavra até ela dançar, borrando no caderno um espaço de vida.
“Tenho medo”- disse-lhe algo. Mas que futuro se fermenta hoje? O quanto podemos falar das meias na calmaria da mesa a entregarem-se ao sono do urso?
Por isso ela desce agora de sua casa inconclusa, na soleira do cabelo solto. Nobre.
“Há muito a ser feito”. Para um dia olhar a janela e não ser aquela do poema.
Falar, se houver necessidade de falar-lhe.
O sentido e a flecha na folha, no dia em estado roxo
O olho socado na parede, por um golpe de beleza: rosto de porta aberta.
Encher toda a testa de luz o quanto o caule dessa flor aguentar
e depois partir para descer em cascatas febris, -do nariz ao por-do-sol- sem
qualquer distância relevante. Sendo o maior porta-retrato da terra, rasgado por
um abraço:
A luz de não comer a vez de alguém. Dai-me. O rosto tirado
da argila. Na margem do erro.
Todas as esculturas virando carne. E toda a carne virando
escultura.
A decadência de repetir-se na falha de nascer:
Esse jogo de querer, a qualquer medo,
Amar.
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