da mulher que aos poucos deitou a rotina do dia em escrita,
trago notícias
do tempo em que ver era
a amizade entre o milagre e a espera
eu te traria nos braços, amor
se a certeza não fosse uma criança veloz
é madrugada
e meu corpo vai traindo-se em direção ao feto
nossos olhos não se tocaram
e ela me responde em fotografia:
"-estás na metade do diálogo.
haverá que colocar teu campo de escrita nas costas:
sairá sem ti
voltarás sem ti
e a musculatura do encontro irromperá a folha."
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Tarkovski pediu minha mão e disse:
é que o poeta ainda não subiu no segundo degrau da imagem
por isso seus pés soam tão leves ao chão
por isso seus pés soam tão leves ao chão
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
um novo romance- em capítulos-
-uma estranha vontade de usar o que tenho-
-a mulher que morri-
-é para isto que vim-
-erguer a cabeça para fora da lama e...-
-um raio de beija-flor azul marinho-
-tenho vontade de instalar-me-
-a escrita era meu pássaro-
-eis a estética do provável-
-não chamarei de mistério, o mistério
-é a saída para o homem que não dorme-
-este capim não se entrega facilmente à água-
-porque és liberto, jardim-
-o que fazer com as sementes na boca-
-olha a sobra da tinta na parede e pensa: um quadro fora pintado ali-
-pois cultivo aquilo que não sou nem feminina nem masculina-
-a mulher que morri-
-é para isto que vim-
-erguer a cabeça para fora da lama e...-
-um raio de beija-flor azul marinho-
-tenho vontade de instalar-me-
-a escrita era meu pássaro-
-eis a estética do provável-
-não chamarei de mistério, o mistério
-é a saída para o homem que não dorme-
-este capim não se entrega facilmente à água-
-porque és liberto, jardim-
-o que fazer com as sementes na boca-
-olha a sobra da tinta na parede e pensa: um quadro fora pintado ali-
-pois cultivo aquilo que não sou nem feminina nem masculina-
por hoje, e por nós
"não tinham lido Bernanos mas sabiam desde o berço que quem
é rico explora, quem explora torna-se esperto,
esperto e explora fundem-se em experto, perito,
quem se torna perito não acede ao conhecimento mas às tripas
dos pobres,
quem as tiver na mão tem praticamente todos os valores que
contam,
com esses valores é um jogo de oportunidades transformá-los
em bens onde não é visível qualquer rasto de sangue. Não faltam
profissões de peritos para transformar esse elo em elo perdido.
Desaparecem rastos e provas." Maria Gabriela Llansol
é rico explora, quem explora torna-se esperto,
esperto e explora fundem-se em experto, perito,
quem se torna perito não acede ao conhecimento mas às tripas
dos pobres,
quem as tiver na mão tem praticamente todos os valores que
contam,
com esses valores é um jogo de oportunidades transformá-los
em bens onde não é visível qualquer rasto de sangue. Não faltam
profissões de peritos para transformar esse elo em elo perdido.
Desaparecem rastos e provas." Maria Gabriela Llansol
Os cabelos, as mãos, as partituras da imagem
Tarkovski estava dormindo e me pedia um caderno. Dizia para que ficasse mais em casa, mesmo quando na rua,
Cuidando da cor dos meus olhos
Ele se mostrava e se escondia.
“O mundo não virá até você”, dizia. Sustenta as imagens e as palavras em si, retira delas o seu “i”.
(na partitura da outra infância, infância da sobra de um contorno)
Nela, o pai ajuda a dividir.
Cuidando da cor dos meus olhos
Ele se mostrava e se escondia.
“O mundo não virá até você”, dizia. Sustenta as imagens e as palavras em si, retira delas o seu “i”.
(na partitura da outra infância, infância da sobra de um contorno)
Nela, o pai ajuda a dividir.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Escrevo sentada para a morte
Após o terceiro dia, a casa empedrada apontava para
o cheiro do leite, a alimentação recém nascida que segurava o sono masculino
virtude e tempo molhado contaminam-se
há frio nas casas e pergunto se é apenas isso o poema
escrevo ameaçada de morte
apenas isso
enquanto a senhora da luva azul insere uma meia em cada frase
era lúcida a nossa conversa de lã
o poema e a morte estão por um triz
a noite masculina de blusa azul
divide com os pássaros a metade de uma conversa
há quanto tempo não dormimos numa certeza?
o coágulo amordaçado no quarto
a espera de um futuro
entorna o leite do poema
dái-nos a luva azul, senhora
para tocar no frio na letra, ò mãe
Após o terceiro dia, a casa empedrada apontava para
o cheiro do leite, a alimentação recém nascida que segurava o sono masculino
virtude e tempo molhado contaminam-se
há frio nas casas e pergunto se é apenas isso o poema
escrevo ameaçada de morte
apenas isso
enquanto a senhora da luva azul insere uma meia em cada frase
era lúcida a nossa conversa de lã
o poema e a morte estão por um triz
a noite masculina de blusa azul
divide com os pássaros a metade de uma conversa
há quanto tempo não dormimos numa certeza?
o coágulo amordaçado no quarto
a espera de um futuro
entorna o leite do poema
dái-nos a luva azul, senhora
para tocar no frio na letra, ò mãe
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
uma casca, um telhado ou um poema
luta pelo destino da página
escreve com a boca de uma criança
perfura a fruta no desejo do pássaro
interroga o sexo das flores
e diz à chuva: não apavore nossas casas.
A vida precisa remar.
escreve com a boca de uma criança
perfura a fruta no desejo do pássaro
interroga o sexo das flores
e diz à chuva: não apavore nossas casas.
A vida precisa remar.
domingo, 13 de novembro de 2011
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