quarta-feira, 30 de julho de 2014

“um ser capaz de outro destino que não o seu é um ser fecundo”  LEVINAS

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Embora não conseguisse dizer nem bom dia em liberdade,
Ângela soltou um ruído em muitas vozes. Três ou quatro ao mesmo tempo.
Era uma manifestação multivocal que os animais não reconheciam. Ficaram à espreita.
Alguns disseram que era o exercício antes da palavra, outros diziam que era o fundo musical debaixo da pele de todas as coisas
quando decidem levantar seus corpos à superfície.
Pela reação do asfalto, eu diria que ela só estava tentando dizer: Ingá, a grande raiz.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

hoje o dia cresce
a cidade inspira
há ventos por todos os lados e não há homens a serem salvos
não há homens verdadeiros ou falsos
há senhoras saindo do mercado com suas violetas
hoje a cidade cresce
porque um homem cresce
suas palavras não se comportam mais como espirros no ar
tudo está perto
e respira tanto fora de si
que seus olhos compreendem

o mundo nunca nasceu

eu perguntaria para sempre como é o silêncio
justamente para não tê-lo
exatamente para mantê-lo oculto
pregado
na face destas flores que sorriem
depois de terem sonhado