sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

nunca havia tocado nesta casca tão fina
e se fosse possível encontrar rios debaixo da pele
qual cor teria o nome do que levita entre nós?

deitei no campo de flores
para ser sombra em tempos de sol

cantemos Glória em altas vozes
enfileirados nas calçadas

enquanto nossas crianças
roubam os tapetes das casas
e costuram as sujeiras
para dormir o perdão

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

diga-me por entre os intervalos dos eucaliptos
o teu sim. Não outro,
mas um sim a mais que ele próprio
um sim que é borda e irrompe
o excesso do sim, o cansaço inalcançável
que ora pede rosto em sombra, ora em sol
e caminha ao som das folhas
de mãos dadas
ao que faz do mesmo,
um outro sim

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

de todos os altares que ergui, trago somente os pés sujos no lençol. Qual era o alimento antes da fala? Acaricio o sentido contrário destes poros e toco o que me alcança. Peço para não retornar à lucidez de uma vez. Guardarei estas pequenas intimidades enquanto a Água não vem.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

morangos no parapeito
mergulhados em seu peso
pediam uma mulher de pele atenta

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

desenho muscular
de um cavalo
alinhavando terra e mar
cadência do destemido
rosto de si
santo seja o nome
deste solo que nos impele
a amarelar com as páginas
e carregar entre os dentes
o fogo que arrasa o chão

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

era vasto
o que o som das copas
me traziam com o vento
atrás de mim, uma voz
carregada de cestas e frutas, semeava:

consegues, no excesso do silêncio,
conviver com tudo o que dissestes
até agora?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

na superfície do rio, o altar
aconselho-me com os sábios habitantes dos canteiros
ao lado destas margens querendo alargar-me

tem um animal que pede aqui dentro

uma gota a mais nesta língua nascente
um horizonte febril
nas palavras difíceis de fazer
é o espelho olhando o sol
é novo o dia

e as elas me usam
num canto peregrino
como centelhas que saltam
sou isca mergulhada na luz

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

no limite dos dedos
toco o que não posso
arranho a lucidez
-um instante-
o acesso negado
a única porta
sou a chave
que trago nas mãos