Uma pipoca, ou melhor, um fragmento de pipoca, muito
pequeno, correndo no chão da praia caçado pelo vento. O menino L. corre atrás
dela, por toda a orla, e eu, correndo atrás do menino L. Atrás de mim, a ferida aberta da
paisagem, correndo junto,
Perguntei-me se a mulher-escrita não dormiria neste
acontecimento. E realizar o encontro-embate da ferida com a pipoca seria o poema. Do sangue pulando no pescoço quando se corre,
do gesto que nasceu no mar antes da palavra, do olho que se afoga em sorrir
para junto da pipoca.
O poema era uma cadeira
branca que eu tive medo de sentar.
Mas aconteceu que o menino L. telefonou perguntando se iríamos à
praia novamente.