segunda-feira, 25 de junho de 2012

os iluminados ao entrarem no clarão do azul dirão aos peixes:  eis a presença a nos servir. E pregarão as cifras da experiência de um livro fechado. Mas, se quase o corpo, escutar a cabra, ou o inteiro a berrar,
é o verbo, a volver o medo. Pois não há olho sem lei.
E um feixe de alguém se anuncia, na entranha polida
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Aberta
De começar

quinta-feira, 14 de junho de 2012


Um sistema inserido na boca para consertar a mordida. Uma prótese, dessas que o humano usa para garantir o que ainda resta de orgânico. E esta começa a machucar a própria carne, a macerá-la por dentro. Não haveria quem arrancasse a delicadeza de um arame farpado perfurando o vivo. A não ser o lenhador e o alicate da noite, sujo de entortar as cercas do início de um dia. E, com as duas mãos cravadas no centro da boca da moça, se esbarram:

     são sujas as distâncias de afeto.

quarta-feira, 6 de junho de 2012


há muito tempo que não venho. Há pelo menos três gerações.

Mas de dentro do corpo da mulher de pedra eu vi a extração. Era a espessura cheirando sexo aquecendo a luz branca de um centro cirúrgico chamado aula.

Fumegava no cangote a trapaça e eu quase me fiz filhote da palavra, mais uma vez.

Mas o menino W. estava ali. No seu modo de não-estar cuspiu o vôo do pássaro
ainda morno, no ovo envergonhado,

que a voz de T. captou no parto,

e por suas pernas escorreu um líquido viscoso, chamado dizer

Uma pipoca, ou melhor, um fragmento de pipoca, muito pequeno, correndo no chão da praia caçado pelo vento. O menino L. corre atrás dela, por toda a orla, e eu, correndo atrás do  menino L. Atrás de mim, a ferida aberta da paisagem, correndo junto,

Perguntei-me se a mulher-escrita não dormiria neste acontecimento. E realizar o encontro-embate da ferida com a pipoca seria o poema.  Do sangue pulando no pescoço quando se corre, do gesto que nasceu no mar antes da palavra, do olho que se afoga em sorrir

para junto da pipoca.

 O poema era uma cadeira branca que eu tive medo de sentar.

Mas aconteceu que o menino L. telefonou perguntando se iríamos à praia novamente.