quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Llansol





Aos nossos olhos,

observaria por aonde vai o sol, e passa a casa
Na travessia no acontecimento do estar só. Para saber o tamanho do corpo. Ou duas páginas em hiato.
Mas retornar inteira ao que havia escrito aos cinco anos de idade, com as pernas, com as doces pernas que cinco vezes nasce, cresce e desaparece
é impossível.
Admitir a continuidade exige o acabamento,
de lavar os pés da mesa,
a viver a própria experiência, pesadamente. Que acontece e olha, quando quer.
Encontrar na casa aberta
a casa criadora. A casa aberta fixada na parede de um sim. Estou há duas horas do meu nascimento e começo a bulinar na pedra. A fundir as igrejas do corpo e apaixonar-me por Ela.
Desce o cavalo que passa a roubar os eucaliptos na rua
Cresce a primavera,
Em costuragens
epidermias
libidinagens
Outros rios descem bulinando na pedra. E ela responde como pedra
Estamos de prontidão nas costas do amor, montado nele. Todos os tijolos querem ocupar-se plasticamente deste encontro
Eu me preparava para dizer frases cheias. No entanto, a gente sabe
como nascer
Imersa, mergulhada,
da luz baixa à alta
A espera em tecidos velhos, da casa criadora
As frases e os moldes. A tolice indigna. Descansando na xícara acesa
Há tantos homens nessas ruas, dizes. Olhando dentro da janela.
E tocas neles? pergunto. Como a janela os toca?
as unhas estão plantadas
nos canteiros das páginas
e a fala de dentes tortos
comprime o espaço da sintaxe

-estar aqui pedia a repetição-

com o corpo em óleos quentes
eu me repetia como a pedra

aos nossos olhos:
a lembrança do tempo da conversa
e as duas faces de Deus

-o amor era a víscera do inesperado assunto-

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

“ponha-se como lugar”

As árvores estão a ler
este rosto
e folhas verdes aparecem nas dobras da primeira frase. Deixei de interromper o dia para escrever
e entrei na manhã da escrita


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eu, a coletora de retalhos nasci para ocupar um nome
E chegar ao fôlego final no tempo gasto de um durante. Aos oito imaginava levitar
Hoje desço a ladeira carregando o poema
De enfiar o nome na terra e acolher o que cresce em cada migração
Só posso plantar o nome na escrita
Neste corpo que se encontra vivo, a descer a ladeira com sol. Estou a limpar,
Esculpi-lo vivo,
A lavar as roupas no quintal da terra
Bater, apertar, refazer a lâmina da voz
No limite de arrancar a musculatura da língua
Pois a roupa veste-se nova no branco da folha
da palavra humana ao absolutamente sim

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

todas as vezes que a palavra me visita tenho vontade de voltar-me ao jardim.
é o sol que se faz junto aos seres que se plantam.
Quando deixei de ser a toalha felpuda de Deus
Prestei depoimentos à terra
Aos poucos, folhas secas vieram ao meu encontro
As letras tinham as mãos sujas de lama
E o texto molhava a semente:
Fui solo aberto da palavra romper

o ritmo da escrita
é no corpo que se move