gosto de saber que não sou para o vento
isso nos permite um esbarrão
antes de uma chuva qualquer
de minha parte, só sei dizer
terra, folha e raiz
num só golpe de ar
mas não sou capaz de ventar com elas
entre a terra e a folha
há o vento
entre a folha e a raiz
há o vento
e entre a raiz e o vento, há o ventre
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Poema de Edson Bueno de Camargo
toda mulher descende
da grande e primeira mãe
a mãe de terra e raízes úmidas
como fornalhas a gerar nos ventres criaturas viventes
do primeiro ao último ser que respira
traz em seu lago de sangue
o laço do cordão umbilical
e segura nossas mãos onisciente
beija nossos dedos
tal qual quando nascemos
e carrega-nos doce e leve ao seu arrego
apaga de nossa memória os pesadelos
e o passado
destrói e ponte
e torna a estrada terreno selvagem
e sem retorno
voltamos a ser fetos
presos aos afetos de quem nunca quis nos abandonar
voltamos a ser só ventres nas raízes de abetos
da floresta onde tudo começou
toda mulher descende
da primeira e grande mãe
e nos abriga entre suas pernas com fogo
para não mais retornarmos ao mundo
é como morrermos
e só muito depois
acordarmos
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