quinta-feira, 27 de novembro de 2014

gosto de saber que não sou para o vento
isso nos permite um esbarrão
antes de uma chuva qualquer

de minha parte, só sei dizer
terra, folha e raiz
num só golpe de ar

mas não sou capaz de ventar com elas

entre a terra e a folha
         há o vento
entre a folha e a raiz
         há o vento

e entre a raiz e o vento, há o ventre

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Poema de Edson Bueno de Camargo

toda mulher descende
da grande e primeira mãe
a mãe de terra e raízes úmidas
como fornalhas a gerar nos ventres criaturas viventes
do primeiro ao último ser que respira

traz em seu lago de sangue
o laço do cordão umbilical
e segura nossas mãos onisciente

beija nossos dedos
tal qual quando  nascemos
e carrega-nos doce e leve ao seu arrego
apaga de nossa memória os pesadelos
e o passado
destrói e ponte
e torna a estrada terreno selvagem

e sem retorno
voltamos a ser fetos
presos aos afetos de quem nunca quis nos abandonar
voltamos a ser só ventres nas raízes de abetos
da floresta onde tudo começou

toda mulher descende
da primeira e grande mãe
e nos abriga entre suas pernas com fogo
para não mais retornarmos ao mundo
é como morrermos
e só muito depois

acordarmos 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A morte
Roxa no tecido
Roxa na pele
Rocha na voz