sábado, 30 de janeiro de 2010

O Idiota, Dostoieviski

"quem não tem o solo
debaixo dos pés
não tem Deus"
calhas secas, paredes úmidas e folhas amarelas na mesa, vá
contra o que chega é a descrença que mata,
queres tanto se não és
mora nos intervalos do que move e nada altera seu lugar
ao menos que diga o que é próprio e sempre cai
de ti

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

fogão sujo
caneca amassada
fogo levantando
leite com voracidade
manhã em detalhes
avental retalhado
manufatura do recolhido
renovados cheiros
som da colher:
tempo que ajudou a cumprir

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

sou o fim da viagem
numa casa de veraneio
não vês que os espaços em branco
cobram silêncio e presença?

eu não comungo da morte
desçam aqui os homens
que plantaram aquelas cruzes
no alto da colina

reconheço minha falta de gosto
não sou mais que os cantos daquela muralha
em cadência ocre, verde e amarelo-negro
mas viveremos para sempre deste modo doméstico?

não amanhã, mas agora
neste Aberto de silêncio e presença
cólera ao meio-dia
desça e ouça
os estalos desta morada nova:
aqui estou.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Zilda Arns

mas como alguém pode estar inteiramente em mim-
eu, que sou tão inacabada?

pra sempre viva,

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

àquele que foi dado
o direito de morrer
olha pela janela
e vê fora a sua luz

voz emoldurada
pátio seco
chuva anunciada
o homem e a janela nascem iguais