quarta-feira, 25 de maio de 2011

sem fome, eu não digo
e no prato, o que se come
é o intervalo de uma palavra à outra

sábado, 21 de maio de 2011

para deixar um pássaro ao seu lado sem precisar de gaiola
basta cortar semanalmente a ponta de suas asinhas
que crescem, toda vez que o vento chama
mas tem de ser rápido,
antes que o sol sopre a lembrança do ninho

sexta-feira, 20 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Já aconteceu de encontrar-me inteira com a tua face. São dias de sol, os cabelos ventam, descalça. E tudo se amarela. E eu te chamo de Deus que toca a pele, na falta de juízo, amarelamente.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

as temporadas
quando caminham em varreduras horizontais
ampliam vozes dos potes de açúcar
abrem segredos de um banheiro azul

nas temporadas da estrada
à beira do açúcar
no azul dos potes abertos
amam-se
os nossos segredos horizontais

terça-feira, 17 de maio de 2011

escrevia com unhas
no corpo do texto
e a superfície cedia
no corpo adentro
da carnívora palavra

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Meu lugar de dizer é úmido
Meia luz
Maior que um corpo, temperado
Água fina caindo em tempos de aparição
A cada jarro, um silêncio a romper