quando a criança não encontra mais seus olhos de nascer,
hora de partir.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Domingo ao meio dia e a roseira era a única que faltava para a limpeza do canteiro. Nesta época suas flores crescem e logo se entregam como coisa amolecida, bojo aberto que não pende, insiste em abrir para cima. Eu olhava para tudo o que era seco e amarelo. E ao meu lado acontecia um corpo sem que eu soubesse seu início. Querendo a sombra, como mais uma folha escurecida pelo sol, vi um morcego pregado ao chão, massa achatada prestes a se abrir. Todo inteiro, coerente, tinha vontade. Meu corpo exposto levantava-se de mim, como num esforço de se por em asas.
Era imagem do horrível. Eu só saberia mata-lo. Eu só saberia abafar a brasa antes de começar a aquecer-me. Impossível deixa-lo, era a certeza da expansão. Aquela fisicalidade espalhava–se pelo meu passado e retirava-o como broto, cada pústula que se abria banhava-me de um tempo novo, um tempo do ato. Era vivo, era um morcego vivo que eu sentia. Intransmissível e meu. Como a roseira, continuo no morcego que foi. E no animal que fica.
Era imagem do horrível. Eu só saberia mata-lo. Eu só saberia abafar a brasa antes de começar a aquecer-me. Impossível deixa-lo, era a certeza da expansão. Aquela fisicalidade espalhava–se pelo meu passado e retirava-o como broto, cada pústula que se abria banhava-me de um tempo novo, um tempo do ato. Era vivo, era um morcego vivo que eu sentia. Intransmissível e meu. Como a roseira, continuo no morcego que foi. E no animal que fica.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
esforço
Saber o tamanho de um pássaro disponível
andar sob a linha de pesca
deitar os olhos nas larvas que se enrolam
e o que se tem
Adequar o vestido para a ocasião de nascer
Nascer agora, sob uma espécie de ventania
Empurrando os mortos para os muros, murmúrios
Ócio divino do existir
Estudo as horas que se cercam de círculos
Ando com o pó de flor cingindo as ruas
e sei como duas orelhas se tocam no amor
Era por minha conta: raspar os restos de uma fome real e devolver no cio qualquer prato de abelha quente
andar sob a linha de pesca
deitar os olhos nas larvas que se enrolam
e o que se tem
Adequar o vestido para a ocasião de nascer
Nascer agora, sob uma espécie de ventania
Empurrando os mortos para os muros, murmúrios
Ócio divino do existir
Estudo as horas que se cercam de círculos
Ando com o pó de flor cingindo as ruas
e sei como duas orelhas se tocam no amor
Era por minha conta: raspar os restos de uma fome real e devolver no cio qualquer prato de abelha quente
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