quarta-feira, 29 de agosto de 2012

esta paixão seca

em alto-mar as peles entregam-se ao sal

não se pode continuar, a humanidade está em risco

a superfície em sede,

e continuam falantes, os amantes,

molhados

o amor cava um espaço de montanha

para proteger o animal da chuva


Os espinhos pregam-se às roupas

A moça ocupa-se da limpeza da janela

Enquanto alguém pensa o que fazer com o pote sem uvas que recebeu no verão passado

 

Estou pronto, neste quarto amarelo

A dialogar com as palavras. Elas podem fechar o sol. Elas podem tudo.

Estou pronto, a professar com as estantes

que aprendi a brincar de labirinto, mas não sei o que faço quando me batem à porta



As sombras são palavras mudas

brotam em cima da casa fechada

 

Quanto mais unidas as mãos estiverem

mais longe a carne pousará


nossos joelhos aprendem a olhar para o chão,

mas o peito nasce para tocar o nu

 


na mata de eucaliptos, de sombra exposta, porém ensurdecedora

somos uma lembrança jogada ao telhado

a desejar o centro da folhagem

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Porque as uvas estão a nascer
ou se sonhamos com uma pequena caixa de relíquias
há um homem a transportar-nos para o mais alto do rio
sem perguntar-nos acerca da volta. Tu sabes. Apenas aguarda a hora de sentir

Algo de imaterial como a palavra
que viaja do tempo mudo,
a misturar-se com o sol.  

O poema estanca o leito com a mão suada da terra

As duas margens do encontro
o desejo de não terminar as frases
e o silêncio que precisa falar
 

sábado, 18 de agosto de 2012

os mais fortes pensamentos são os que se encontram próximos da estrutura de uma declaração de amor. Procuras as palavras e a sua sequencia, mas o ponto de origem é um sentimento. Estou a sentir tanto que até era capaz de pensar, diz alguém. Maria Zambrano

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

e foi assim
que a palavra rompeu-se:
                      não sou uma pessoa

entre o sono e a vigília
o pensar era de areia
                por entre os muros da lucidez

a matéria nascia para o porosidade
assim como o ser nascia para a luz

quinta-feira, 9 de agosto de 2012




A caneta com que se escreve está a manchar nossa própria roupa.

A imaginação não evita a morte. A imaginação não tem coragem de dobrar a folha

 e escutar o sol que canta na pele da planta

para que a noite nasça lua de um mesmo lugar.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

na casa de Llansol

não haverá nunca um novo mundo, pensei, mas há um outro neste _______________ e continuei a ler (LL1, 19)