quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Escrevo sentada para a morte
Após o terceiro dia, a casa empedrada apontava para
o cheiro do leite, a alimentação recém nascida que segurava o sono masculino
virtude e tempo molhado contaminam-se
há frio nas casas e pergunto se é apenas isso o poema
escrevo ameaçada de morte
apenas isso
enquanto a senhora da luva azul insere uma meia em cada frase
era lúcida a nossa conversa de lã
o poema e a morte estão por um triz
a noite masculina de blusa azul
divide com os pássaros a metade de uma conversa
há quanto tempo não dormimos numa certeza?
o coágulo amordaçado no quarto
a espera de um futuro
entorna o leite do poema

dái-nos a luva azul, senhora
para tocar no frio na letra, ò mãe

Um comentário:

Rosangela Ataide disse...

A mãe e o poema. O silêncio e o silenciar. Belo!
Bj.