quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Um diário

¨Pode-se viver completamente num mundo imaginado¨- esta frase me aconteceu nesta tarde. Estava a dormir, com meu livro de ressurreição ao lado,

Sim, posso dormir, mas ainda em total desconforto

Seria eu capaz de deixar o amor passar em branco caso fosse ele vivo e me acordasse nesta tarde? Eu me furtaria da escrita se ela fosse transbordo?

Não demoro a preencher,
mas o recipiente parece ser de grande volume.

Viver completamente no mundo imaginado? Corpo coberto comunga? Eis a pergunta, deitada de vestido, nua por baixo, para que o encontro, mesmo que sonolento, encarado de frente,

Aconteça.

A escrita se apresenta como o caminho por onde as pernas dançam. A censura não será maior que a música

Tenho me movido por muitas ideias,
Comparecido a belos encontros de quase inauguração, mas nada me convoca mais que este jogo que vai correndo entre os dedos,

Já não sei se a poesia me alarga
Ou me arrasa. Estou presa num fluxo de linguagem, de fala densa, cifrada, que explode em companhia dos olhos de alguém.

É preciso retirar-se da frente e ser passagem. Ou paisagem. Abandono da separação de estados e reinos.

Não consigo deixar de olhar para o animal que come. E todos parecem mais famintos que eu,
Atraio-me neste desespero que sacia
enquanto descrevo a página parece diminuir, esforço.

Descobri a cortina por onde olha o gato. Ele sabe que o quero,
Nos amamos e isto é lucidez. Eis que chega sempre a um mesmo ponto e desaparece. Qual a curiosidade, saberei a hora de voltar? Deixou um rastro ou dormirá esta noite ao relento?

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