terça-feira, 29 de dezembro de 2009

de tanto chamares, a palavra vem
o que espera
como folha reticente ao vento
neste ano arde em campo e selva

inventemos um deus
como a manhã sem planos
que fala antes da primeira
vez da intimidade vasta

eu não sou o mistério
o que morre, não está aqui
nesta clara noite
esfreguei as mãos nas paredes
encontrei a carnadura das casas

se morro hoje, nada guardo
avanço lentamente
por onde olho, vejo-me no que voa
e busco, no golpe preciso
o gosto da terra firme

10 comentários:

Anônimo disse...

esse é um dos poemas mais bem ´´acabados´´´que tenho lido seus e tantos outros autores: existe um acento de excelência que inspiração nenhuma justifica:
é alinhavo, urdidura haurida dum refletir pungente do que sente ....
esse foi aquilo que chamo poema
´´arrasa-quarteirão´´....
reunir tudo em livro será uma ótima fatalidade: esse poema deve permitir-se ser conhecido..... belo, rascante ....

Anônimo disse...

esqueci de assinar comentário acima....

mas de alguém criterioso ao extremo ...

FLAVIO VIEGAS AMOREIRA

Anônimo disse...

- ´´Qual é a última vez? Cada vez é sempre a primeira e a última. Seja como for aquele que nos ama, é apesar de tudo, nosso aliado. Causa-nos danos, é o único que pode nos prejudicar, mas é nosso aliado. Reflete-se em nós como num rio obediente: o rio em que naufraga-mos e que arrasta nossos despojos. Hoje se fazem presentes os momentos em que toquei o seu céu com minhas mãos; em que seu olhar me conferiu beleza; em que as brumas do amor turvavam nossas recíproca e aparentes derrotas...
Anoiteceu. Amanheceu outra vez, e eu estava sozinho. Tenho um pouco o direito de pensar que sempre estive sozinho. ´´

- trecho dum mais belos livros que tenho lido: ´´A regra de três´´, do espanhol Antonio Gala....

- os poemas que leio aqui, Ângela, me fazem lembrar que tenho o direito de estar sozinho como todos somos em fundamento, mas não
inconsciente de que sozinho compartilho do Sagrado que me reune ao ceu que toco....e que unge....


FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA

Anônimo disse...

por quê quando ausente a autora,
calam-se os que combatem na compreensão dos seus textos?
...´´ a palavra vai a gapope´´
diz Maiakóvsky....
como são tolos os que se rendem aos dias de festas coletivizantes da hipocrisia...prefiro estacar pé no vinho e poesia....

sua póetica foi o que de melhor em 2009, ÃNGELA...mesmo não contando sempre a Vida na cronologia convencional.... SAGRADO...

beijo, FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA

Anônimo disse...

´´a palavra vai a galope...´´

MAIAKOVSKY

segue....

Anônimo disse...

´´Hoja há uma mulher nesse sol-posto / ora não, ora meiga, ora arredia. Ontem revendo-a , muda-se o meu rosto assutado em cegueira, que não via.´´

JORGE DE LIMA

Anônimo disse...

´´Minha alma estava aberta 'a encantação. Agora nós. ´´

JORGE DE LIMA

Anônimo disse...

´´Nossos contatos formam nossa ilhas, formamos seres líricos....

Os muros transparentes. Eis as chaves.´´

´´INVENÇÃO DE ORFEU´´
JORGE DE LIMA

-desde sempre pressentia existisses, agora feliz louvo a presença....
beijos, FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA

Anônimo disse...

´´.... inventemos um deus
como a manhá sem planos....´´

sinto falta de novos poemas...
tenho lido um russo de nome complicado, mas tão bom quanto Maiakovski.....KHLÉBNIKOV....

- essa trégua de fim de ano fez rever conceitos e focar no essencial: ´´arte e fraternidade´´

- beijo, FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA

Anônimo disse...

´´Tempos-juncos
Na margem do lago,
Onde o tempo é de pedra.
No lago da margem ,
Tempos, juncos,
Na margem do lago,
Santos, juntos´´.

KHLÉBNIKOV
( tradução Augusto de Campos )
que poeta Ângela !
tem a sua contenção densificada...

beijo, FLÁVIO VIEGAS AMOREIRA
flavioamoreira@uol.com.br