segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Instantes que cabem ou caem


Metáfora:
Golpes espessos em vasos de barro. Eis a nova argila. Úmida lembrança de um crime perfeito. Cresce a vestimenta, roupa do espírito. Carne do imaterial. Jamais falsificar o medo.
Todas as laranjas cortadas sobre a mesa.
E eu, a descascar maçãs antes que o filme acabe.


Monolito:
ovo apertado na mão. Gelado que escorre pelo canto de dentro do braço. Grade atravessada na garganta. Quadrado preto no meio da sala. O mesmo de antes, o mesmo que nunca vi.


Feito: costura de retalhos. Chão sujo de fiapos, retirar o que não é composição. Som de corte na mesa, risca de giz, alinhavar e soltar. Partir em carreira, marca do café sob o papel.
Qual o instrumento, qual o instrumento que acontece uma mulher ? Ser, até na dobra dos joelhos. Até aonde o peito voa. Ser, na mesa pequena, toalha quadriculada, no pote de manteiga, faca equilibrada e saco de pão amassado. Colecionar tentáculos. Afiar o corte da manhã. Ser, para reagir, mesmo a um custo,
Até traçar a rota e amassar as uvas:
35 doses de rum, Claire Dennis
Pai e filha, Yasujiro Ozu
Nikita, Luc Bresson
O profeta, Jacques Audiard
White material, Claire Dennis

Até estancar o fim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Metáfora feito monolito. Acho que é isso que você escreveu aqui dentro de mim aonde começa o movimento que toca o fora de mim.
Li uma escritura no tempo de sempre com a força do espaço de agora.
Gostei.

Anônimo disse...

boa noite
voltei a esse espaço raro
mando notícias
Flávio Viegas Amoreira
flavioamoreira@uol.com.br