quarta-feira, 8 de outubro de 2014

de todas as paisagens, de todos os centros, de todas as potências há um nó não significado, um eixo não acessório mas acessível, não definível com exatidão. Preciso chegar a esse dom, a este ato de aproximar-me do nome e assim limpar o cansaço da dispersão. Estou em um quarto há muitas manhãs. O sol foi tão intenso que avermelhou minha visão. Mesmo assim continuei a ler. Continuei a buscar no texto
o aberto da leitura sem direção, algo que pudesse dar contornos à minha natureza.
Então, repouso a escrita sobre outros livros, tenho um caderno dentro de outros cadernos.
Haveria de autorizar-me a assinar um livro, que nesse tempo não se diferencia de jardim, cidade ou janela.
Que os ventos me perdoem por desejar ser "aquela que escreve", de possuir a casa, de desejar estar acompanhada por aqueles que "despertam a minha natureza".
Não quero desejar, mas desejo.
Sonhei um dia que seguia a máquina de entoar palavras com a força de dobrar a esquina;
Sonhei um dia em ser o silêncio de uma casa simples, de chão batido, a comer pão com molho e café na caneca de alumínio;
Sonhei um dia em não desistir do chão do sacrifício.
Mas as coisas são tão coisas que me inviabilizo. Agonizo em sentidos absolutos.
Se posso pensar na palavra livro,
cabeça, tronco e membros,
vou ao rio descalça,
sofrendo com o frio das letras,
que as palavras desse nome sejam para sempre o seu mistério, vida primeira
Livro de páginas,
páginas paisagens

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