à escrita


À escrita: um outro se arrisca em ti (tese de doutorado concluída em 2018, sob a orientação de Luiza Christov, Programa de Pós-graduação em Arte Educação, Instituto de Artes, UNESP)


https://repositorio.unesp.br/handle/11449/154980

Banca examinadora:
Profa. Dra. Glória Kirinus
Profa. Dra. Lucia Castello Branco
Profa. Dra Margareth Chillemi
Profa. Dra Rita Bredarioli




"Angela Castelo Branco"



"Angela Castelo Branco"


"Angela Castelo Branco"



"Angela Castelo Branco"

"Angela Castelo Branco"

"Angela Castelo Branco"


"Angela Castelo Branco"




abrir os braços em direção ao desconhecido
é ainda uma das mordidas preferidas da intimidade 



sempre que escrevo
tenho o ímpeto caçar borboletas



o lado tenro da transparência
violenta por excesso de presença



há tantas possibilidades 
que só existe o entre 




tens o tamanho do tamanho
disse o estilo à liberdade




sempre que escrevo, escuto
sempre que escuto, estremeço




não deixe que a escrita apague o teu esquecer


ora vivia um desejo de risco
ora arriscava um desejo de viver



a alegria consigo mesmo
é existir numa totalidade
de um copo que acabou de quebrar


uma voz que nasce envolta de silêncio
só pode ter vindo sonhar



o caso de amor entre a pedra e um jornal
é daquelas coisas que dançam
sem precisar começar



o bueiro entupia quando chovia
e construir um lugar para nascer 
era decidir entre falar de dentro da água de barro
ou comê-la como caldo de feijão


o lápis é a dimensão do humano 
caminhando da mudez
à sua nudez



quando percebes que estás a um passo do silêncio
para que lado se lança?



só se pode deixar ir 
o que pode ser dito


a força para manter uma janela aberta
é a mesma que reconduz a palavra ao deserto

a questão é: ainda que os mortos sejam muitos,
 há mais para nascer 


o porvir se chama agora



esboçar o amor é permanecer
entre aquele que escreve e aquele que lê


escrever para um endereço impossível
no mesmo lugar em que se está


amar significa
 manter uma distância perto

—-

amo-te tanto
que te dou o tempo


——
sei o gosto da sujeira, do portão e da sola dos sapatos 
sem nunca ter lambido qualquer parte
pois é da natureza das línguas 
roçarem-se

——
seria o caso de repetir a última palavra dita?


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