quarta-feira, 30 de junho de 2010

ventania notívaga
passa ao largo do sono opaco
embarcação frágil dilacerando
o brilho do mar:
desce a noite- indecisão

antes de abrir as mãos
há que sentir a incisura
do corpo foragido que reluta
a olhar de perto o espesso ato
do irremediável, que chega em maestria
e convida as velas
a seguir em trilhos
do seco ao sol
era a minha parte
ali, feita nela
que não me deixava morrer
uma vez ao dia

terça-feira, 29 de junho de 2010

há um silêncio
que não é ausência nem excesso dela
não toca as palavras
ou no sobe e desce das escadas ao porão

há um instante
diante da casa desmanchada
que cobre o rosto da mulher
sentada à roca
enrolando o fio em suas mãos
antes de capturar o tempo
da fala que antecede o fogo

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Vigoram
Ávidos
Fuligem nos ossos
Corredores de vozes estiram sentidos
até soarem vermelhos:

dizem-me
dizei-me

terça-feira, 15 de junho de 2010

perder algo pode ser uma dádiva. Sentado à beira da porta, murmurava entre cigarros e pernas. Fera corroída. Ferrugem rompida. Tiro certeiro. Porque eles ressuscitam tanto? Casaco sob a cama. Livros sob mesa. Rosto ao sol. O mar não cresce só. Golpe final da questão inicial.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

beira de estrada. Fogo lento durante. O vento cresce no milharal. Encontro de imperadores. Não há retorno. Sopro selvagem e uma linha reta no horizonte.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Voz de laranjeira no corredor branco. Sol secando o chão. Sapatos descansando na porta de entrada. Água subindo o poço. E ela descia e ajoelhava descalça. Até percorrer a distância entre o mar e a terra. De dentro. Ousava cheirar o longe.

domingo, 6 de junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

confiava nas altas portas
no vai e vem das tábuas
enquanto teu corpo
percorria de uma margem à outra

teu corpo e o rio
acontecia
de meu leito atravessar