quarta-feira, 5 de outubro de 2016

fala-se em vão de justiça enquanto o maior dos navios de guerra não se despedaçar contra a fronte de um afogado

paul celan

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

L´âme est sans retenue

A alma é sem reservas

(edmond jabès)
nada à rumar-
ruah

sábado, 1 de outubro de 2016


E se eu desse todos os beijos na mão que gostaria de ter dado? E os da testa? E todas as risadas abertas? E se tivesse soltado todas as palavras que se precipitaram? 
O corpo não para um segundo. Como pensar que posso morrer? Se já não estou a morrer? Como pensar que um dia nasci, se já estou a nascer? A areia sabe disso. Guardada ali, entre tantas a não ser uma. Nunca vi um grão de areia sozinho. No entanto, escrevo: grão de areia. Posso dizer: o grão de areia. E continuar naturalmente a narrar os acontecimentos de um grão de areia.
Naturalmente. Palavra assustadora. Ah, não há nada naturalmente por aqui.
Se minhas palavras se colassem naquilo que
Naquilo que                                                           se um dia dissesse
Nasceria onde for.

São tantas as bolhas na beira da praia que os grãos de areia sabem algo que eu não sei. São três os pensamentos que tenho: jamais explicar, já não penso, são palavras-apenas.